Adeus, Meus Sonhos!
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! Votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?
Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
(Álvares de Azevedo)
Há muito este poema está aqui, morto, abandonado ao tempo, enquanto espaço algum há de percorrer, pela sua insignificância preconceituada em uma visão superficial e imediatista de meus dias. Forçosa e cegamente o abandonei. Até quando ficaria aqui? Se uma alma vagante do mundo não me tivesse alertado sobre seu paradeiro, ainda estaria preso em um corredor infinito, onde cada esquina joga-lo-ia ao seu início, desperdiçando as nobres e apaixonadas palavras de um dos grandes senhores das sombras, aonde o mundo se dirige em momentos de melancolia, aflição e tristeza. Porém, não mais nas sombras estas palavras e, assim como o mar, em letras esparramadas de Paulo Leminski, sobre a pedra à beira mar, vão espalhar-se mundo a fora, desde o litoral, passando pelas ruelas de Morretes, subindo a Mateus Leme até o Largo da Odem, a ser visto pelo Sr. Trevisan, saindo pela 277 e percorrendo este tão belo estado, levado pelo vento gélido que hoje sopra até o alto das colinas, tocando de leve o meu ser, que deixa um suspiro breve de saudade e lembrança.
Boa noite, amigos meus. Boa noite.