Mas, diga-se de passagem, nem todos sabem o que fazer depois.
De que vale errar? Nada? Não. O aprendizado está presente em TODAS (leia-se "todas") as ocasiões vivenciadas por cada indivíduo. Errar, como dizem, é humano (? - vejo uma inversão de valores aqui). Porém, como proceder? O que fazer depois que alguém cai na real e descobre que varreu a cinza para baixo do tapete? O que fazer quando você descobre que aquele descascadinho na tinta da parede abriu um buraco enorme no reboco? Simples. Quando surge uma rachadura na sua casa você não pode passar massa corrida e seguir em frente. Não entendeu? Eu explico.
Quando uma parede está rachada deve-se abrir o buraco tanto quanto for possível (de preferência sem arrancar os tijolos!). Depois, se for um buraco muito grande, pode-se utilizar massa de reboco (cimento : areia : cal, 2:1:1). Depois de seco, aí sim a massa corrida é utilizada para corrigir as imperfeições, alisar a parede que, depois de pronta (muito bem seca) deverá ser lixada, limpa com um pano úmido e, depois de seca, finalmente pintada.
Obviamente nada disso será útil se este indivíduo perceber que o buraco que ele abriu não foi na parede, mas sim em seu coração. Ou que tenha se desviado do caminho que lhe seria mais útil. Ou ferido um sentimento, quebrado um laço de confiança, coisas afins. E isto pode acontecer com qualquer um, assim como acontece com o reboco de qualquer parede que não seja perfeita (ou seja: todas). Mas como não há cimento, cal e areia que corrijam tais "buracos" algumas atitudes devem ser tomadas para tentar corrigir tais erros. Quando se trata de sentimentos (principalmente para consigo mesmo) parece ser impossível fechar um destes buracos. E minha opinião é exatamente essa. Se alguém chega ao ponto de trair sua própria confiança, se o caminho escolhido como melhor, mais saudável e correto é ignorado para que algumas aventuras, diversões temporárias, brincadeiras, jogos e trapaças prevaleçam, se é preferível esconder um sentimento, uma realidade, para viver uma aventura ou uma vida que obviamente não é sua, é como dar um tiro no próprio peito, apunhalar-se pelas costas e, acredite, tal fato não será esquecido. É fácil remover a lâmina fria de dentro da pele, mas a cicatriz estará lá para sempre. Porém...
Quando não podemos consertar um fato, nada mais justo que trabalhar tudo aquilo que há em torno dele. Assim, a grandiosidade daquilo que existe ali vai se sobressair e, assim, após longos anos de muitos esforço (não pense que vai ser fácil) talvez as lembranças já não mais incomodem. E sim, o primeiro passo é o perdão. Perdoar os amigos é moleza. Perdoar os inimigos é difícil. Em algumas vezes é muito difícil mesmo. Mas tente perdoar-se. E sim, todos nós temos, certamente, inúmeros motivos para nos perdoarmos. Se você pensa que não, olhe direito. Conheça-se e você verá que tem sim.
Não estou em uma das minhas melhores fases (emocionalmente falando) mas, de modo geral, encontro-me em um estado de paciência incrível. Nunca antes pude perceber-me tão sereno e tolerante. Estou, como de costume, cobrando de mim mesmo muitas coisas que devem acontecer, mas a guerra maior é com o auto-perdão. Não que eu esteja me martirizando por meus erros. O fato é que cometi alguns erros desnecessários. Levei minha vida por caminhos que não deveria (e nem poderia) ter percorrido. Adiei planos imensuráveis, incontáveis momentos de alegria e planos futuros grandiosos, gerei mágoas, ressentimentos, decepcionei algumas pessoas e, no fim das contas, quem mais sofreu fui eu. E este sofrimento persiste, como uma cicatriz. Não estou depressivo, nem com sentimentos negativos em relação a mim, mas as cobranças se tornam cada vez mais intensas.
O importante é sempre dar o primeiro passo. De qualquer forma, quando alguém se perde a primeira coisa a fazer é procurar o caminho de volta. Isso eu sei que já fiz e também já retomei a caminhada. O que me resta, agora, é não mais me desviar.
"É só virar a página e o futuro virá" ♫
(bom se fosse simples assim)